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FESTAS CÍCLICAS DE INVERNO. UM OLHAR EM 2024, em "Diário do Minho", 09/02/2024

 

FESTAS CÍCLICAS DE INVERNO. UM OLHAR EM 2024.

FESTAS CÍCLICAS DE INVERNO. UM OLHAR EM 2024.

Fotografia

José Rodrigues Lima

 

Andreia Cristina Amorim Pereira

 

Publicado em 09 de fevereiro de 2024, às 15:11

Das Festas dos Rapazes ao Entrudo do Pai Velho.

Os festejos cíclicos de Inverno encerram rituais cósmicos, de inversão, de ostentação e fertilidade. O tempo mítico da desordem é um tempo criador e, necessariamente, será também renovador do cosmos envelhecido.

“A festa é assim celebrada no espaço-tempo do mito e assume a função de regenerar o mundo.”

Roger Caillois, 1988.

Os povos de montanha conservam com mais força a sua identidade cultural e no início de cada ano sublinham a sua forma de ver o mundo com profundidade ancestral.

“(...) Em grande parte, o mundo rural transmontano conseguiu manter a sua especificidade até poucas décadas atrás graças à interioridade, ao ensimesmamento cultural e económico, sendo ainda hoje apresentado como um dos últimos redutos de um modus vivendi e faciendi nostalgicamente em extinção.”

João Manuel Neto Jacob, 1999

Do espaço geocultural de Trás-os-Montes ao Minho de vales e montanhas, as marcas culturais permanecem vivas, fundadas nas raízes do tempo longo, partilhando a sua expressão nas festas cíclicas de inverno, de onde sobressaem as mascaradas das Festas dos Rapazes e nas tradições do Entrudo ou Carnaval, que se perpetuam e reinventam no Pai Velho do Lindoso, Ponte da Barca, ou no Entrudo Folhateiro de Outeiro, Montalegre.

António Pinelo Tiza relembra-nos a ancestralidade destas festividades:

“O carnaval no Nordeste Transmontano poderá não assumir o colorido e o aparato do que se festeja em outras paragens, mas é, por certo, o que mais se aproxima das origens desta tradição, as antigas festas agrárias, as saturnais romanas e as Lupercais celebradas em honra de Pan, o deus dos rebanhos.”

[A. Pinelo Tiza, “Os caretos de Podence”, texto sem fonte, citado a partir de desdobrável informativo.]

Nas últimas décadas as novas gerações revitalizaram e ressignificaram a vivência das festas cíclicas de inverno, transformando-as num estandarte do seu orgulho neste património imaterial, uno nas suas múltiplas manifestações, que importa observar, interpretar e valorizar.

Impressão de Viagem à Festa dos Rapazes de Salsas (Bragança)

Bragança, no Nordeste Transmontano, será dos distritos de Portugal mais distante das principais urbes do litoral e da capital. Essa distância mede-se não só nos quilómetros de estrada, mas particularmente pelo abismo que separa a sociedade pós-moderna do país urbano e o mundo rural onde sobrevivem manifestações dos arquétipos da nossa identidade coletiva.

As Festas dos Rapazes que ocorrem em várias aldeias de Bragança, entre 24 de dezembro e 6 de janeiro, imbrincadas em mitos e rituais do solstício, desde os Celtas às Saturnálias e Calendas romanas, exercem um fascínio vindo do inconsciente. São numerosas estas efusivas mascaradas que entre o Natal e os Reis inundam as ruas das aldeias de Bragança com energia telúrica, a expressividade dos caretos, o som único dos gaiteiros, gestos rituais, excessos e ausência de normas. Aveleda, Montesinho, Gimonde, Baçal, Salsas, Rio de Onor, Varge e França celebram este calendário, que no Entrudo se estende a outras aldeias do vasto território cultural de Trás-os-Montes e Alto Douro, como Vinhais, Lazarim, Vila Boa de Ousilhão e Podence. É, na verdade, impressionante a quantidade e singularidade das festividades de inverno que se realizam no Nordeste Transmontano no período que vai desde o dia 1 de novembro, data do Samaim Celta, até ao Carnaval.

O magnetismo dos Caretos sobre o homem urbano do século XXI será porventura tão inexplicável como a fé.

Sem nos questionarmos sobre o que procurávamos em rigor, partimos no primeiro fim-de-semana de janeiro rumo ao extremo setentrional do Reino Maravilhoso. Escutamos um chamamento, indecifrável no seu sentido, mas irrecusável na sua força: assistir à Festa dos Rapazes de Salsas.

As convencionais celebrações de Ano Novo não nos tinham descido às entranhas. Havia um vazio de significado por preencher e uma voz interior dizia-nos que era preciso ir em busca das raízes, do ritual de morte e renascimento, de refecundação da terra adormecida e da alma entorpecida.

Em Salsas assistimos à reunião de Caretos e mascarados de diversas proveniências no Norte de Portugal, desde Lazarim a Podence. A estes juntaram-se grupos vindos da Galiza e da Irlanda, provando a ancestral comunhão cultural dos povos de montanha da Ibéria e da Irlanda, recuando à influência cultural céltica.

O ritual foi vivido pela e para a comunidade, com orgulho e alegria em celebrar a tradição cuja origem se perde nos tempos. Poucos forasteiros assistiram ao insubmisso cortejo de Caretos, ao consentido atropelo das normas, à desordem e ao bulício. Aqui a autenticidade persiste, os Caretos envergam com orgulho a máscara e o fato de lã, transmutando-se em personagens mágicas, seres fabulosos, que incorporam o mito.

Encontrar uma manifestação identitária ainda genuína, não encenada e mercantilizada apenas para consumo turístico, exerce um impacto profundo sobre quem presencia. Afinal, quantas vezes temos o privilégio de assistir a um ritual milenar?

As viagens enriquecem-nos também pelas pessoas excecionais que o acaso nos destina encontrar e em Salsas tivemos o prazer de conhecer António Pinelo Tiza, investigador notável no domínio histórico-antropológico, defensor e promotor da máscara ibérica, com extenso e amplamente reconhecido currículo, cargos de relevo e vasta obra publicada. As pessoas grandes cativam pela simplicidade. Assim foi com o Professor António Tiza, generoso na partilha do conhecimento, caloroso na hospitalidade característica do povo transmontano.

Devemos a António Tiza o pioneirismo na investigação histórico-antropológica sistematizada das mascaradas de inverno do Nordeste Transmontano, que possibilitou uma compreensão mais plena da sua ancestralidade e significado, impulsionando a sua revitalização.

António Tiza (2017) enquadra as festas dos rapazes celebradas nesta região de Bragança e Zamora no chamado ‘ciclo dos doze dias’, período correspondente à diferença de número de dias entre o calendário juliano e o gregoriano. Este ciclo dos doze dias  situa-se na transição entre as Saturnálias romanas e as Bacanalias das calendas de Jano.

“Era precisamente nesta altura do solstício de inverno que as Saturnálias se celebravam em Roma, começando a 17 de dezembro e terminando (quase) uma semana depois, com a romanização chegaram à Península lbérica. As Juvenalias celebravam-se a 24 de dezembro, supondo-se que estarão na origem da festa dos rapazes.”

António Tiza, 2017.

Entrudo do Pai Velho, no Lindoso.

As teses referentes à origem do Carnaval podem-se sintetizar em quatro: vegetalista, celta, greco-romana e medievalista. As origens do Carnaval, perdem-se no tempo profundo da pré-história e, naturalmente, nem todos os antropólogos aceitam as teses existentes (cf. COCHO).

VEGETALISTA

O antropólogo irlandês J. Georges Frazer e o seu contemporâneo alemão Mannhardt estão de acordo, constituindo o que poderia denominar-se de “escola vegetalista”. Frazer sustenta que os ritos do Carnaval não são mais do que versões endoculturadas de outros ritos comuns a todos os povos primitivos pré-históricos e que estavam vocacionados a favorecer o renascimento vegetal, a fertilidade da terra e das mulheres quando chegava a primavera.

Frazer e seus discípulos argumentam que este tipo de festas foram comuns a todos os “povos primitivos” e chegaram em forma de sobrevivência através dos “povos históricos”, de modo especial inserido nas festividades Saturnais, comemoradas pelos romanos.

A representação do enterro, ou queima do Carnaval, é mais uma forma de introduzir a morte e a ressurreição do espírito de vegetação.

A esta tese vegetalista, sobre a origem do Carnaval, apoiam-se, por exemplo, o antropólogo galego Fermim Bouza Brey e o próprio Risco. Aliás, Caro Baroja afirma que o Carnaval “queira-se ou não, é um filho, embora pródigo, do cristianismo”. Este antropólogo também disse que o Carnaval é uma festa em que se sintetizam e juntam muitos interesses, e rejeitou a teoria de que o Carnaval é uma sobrevivência dos ritos animistas ancestrais.

CELTA

A tese celta leva-nos a registar alguns dados. Assim, E. Powell sublinha que os celtas acreditam em poderes mágicos que envolviam todos os aspetos da vida e do ambiente. O ano celta achava-se, certamente, dividido em duas estações, quente e fria, sendo os períodos de transição marcados por quatro festas: Samain, Beltaine, Lugnasad e Imbolc.

No início da estação clara, Beltain, celebra-se a festa do deus Lug. Era a data das grandes assembleias druidas, em que se faziam fogueiras cerimónias. No início de fevereiro tinha a festa da purificação do fim do inverno, IMBOLC. Antigamente explicavam-na como sendo o começo da lactação das ovelhas. A festividade foi substituída pela festa cristã de Santa Brígida, seguida pela Festa das Candeias, como explica E. Powell, H. Hubert, F. le Roux e J. Guyonvarch.

O investigador C. Gaignebet, autor do livro “Le Carnaval. Esais de mytologie populaire” (1974) sustenta: “Há pois motivos para perguntar por que um conjunto de ritos indoeuropeis, as purificações de razão especial, no início de fevereiro, se conserva porventura inserido na festa celta, especialmente Imbolc”.

Sem pretendermos fazer doutrina, não será que nos rituais do Carnaval, e mesmo nas comemorações do Enterro do Pai Velho, se conjugam reminiscências ancestrais dos Celtas? É de referir que no Lindoso há bastantes marcas celtas.

Aliás, seria aprofundar o bestiário místico da quadra carnavalesca, em que figuram o urso, o boi, a vaca, o porco, o galo e outros animais, uns considerados puros e outros impuros.

Segundo alguns autores, a palavra Carnaval procede do termo “carnavale”, e este, de expressão latina “carnem lavare” (adeus carnaval), que significa retirar a carne, numa alusão ao carácter introdutório da quaresma cristã que se avizinha.

Caro Baroja introduz esta argumentação na tese sobre a origem do Carnaval Medieval. Ele mesmo demostrou a existência documental deste termo em Espanha, no século XV, concretamente no Dicionário Nebrija.

GRECO-ROMANA

É interessante fazer uma alusão às festividades greco-romanas, em honra de Dionísio, às Saturnais e Lupercais, festas de grande interesse para o estudo dos antecedentes do Carnaval.

Durante as Saturnais, os escravos e patrões trocavam e invertiam os seus papéis. A habitual ordem social sofria uma brusca convulsão, praticando-se uma infinidade de jogos; o centro de ensino e os tribunais paralisava. A atividade comercial detinha-se e os cidadãos trocavam presentes.

Organizavam-se ceias com grande consumo de vinhos. O excesso generaliza-se com orgias proibidas ao longo do ano. A distinção entre classes livres e servis estava abolida temporariamente. Nesses dias, era eleito o “Rei da Farsa”, cuja reminiscência hoje pode ser encontrada no rei do Carnaval, efígies e nos bonecos do Entrudo que acabam sendo enterrados e queimados, acompanhados por testemunhas, lamentos ou vindictas.

MEDIEVALISTA

Os antropólogos Van Gennep, V. Risco, Bajtin e outros, defendem que o Carnaval é uma manifestação que se estrutura ao longo de uma etapa medieval da história da civilização ocidental, conforme o contexto social, político e religioso, que decorre entre os seculos V e XV. Alias, como já afirmamos, Caro Baroja corrobora esta opinião.

A partir do século IV começa a divulgar-se no mundo cristão o tempo litúrgico da Quaresma, preparando a Páscoa, mediante a penitência e a frugalidade gastronómica e sexual. O citado antropólogo, grande autoridade nesta temática, reforça o seu pensamento, afirmando que nos festejos carnavalescos, estudados na generalidade, e dentro do ciclo europeu, “encontram-se todos precedentes pré-históricos, pagãos e antigos, que queiram”. Porém, parece indiscutível que, como tal, o carnaval consolidou-se na Idade Média, debaixo da influência cristã. Esta doutrina é, aliás, confirmada pelo russo, Mijail Batjin, defendendo “que o Carnaval era, por excelência, a expressão mais sublime e espetacular dessa cultura grotesca e irreverente, que caracteriza a Idade Média”. Ainda segundo Bajtin, “o Carnaval é a segunda vida do povo, baseada no princípio do humor”.

Retomando o pensamento de Caro Baroja, diríamos que o Carnaval e uma festa de grande significação, muito para além de uma sobrevivência da adaptação de uma crença pagã. É muito mais, é quase a representação do paganismo frente ao cristianismo.

A modos de conclusão, podemos dizer que a festa carnavalesca com o sentido burlesco e paródico, é própria do estilo celebrações lúdicas da Idade Média, etapa da história, na qual se configura como contraponto festivo aos rigores que vão vigorar na quaresma cristã. Paródia, alegria, igualdade social, álcool, regabofe, e toda a forma de excesso são elementos carnavais.

Porém, não se pode negar que determinados elementos pagãos, próprios do começo da primavera, e com a finalidade de estimular a fecundidade, não estejam incluídos nos carnavais rurais mais antigos.

O grande antropólogo Caro Baroja, autor do livro “El Carnaval”, verdadeira bíblia deste ciclo festivo, escreveu que “quando o homem acreditou de uma forma ou de outra que a sua vida estava submetida a formas sobrenaturais surgiu o Carnaval”. O mesmo investigador afirma que “o Carnaval merece respeito”, estudo e análise, não só como fonte de grandes criações plásticas, sendo de mencionar Brueghel e Goya, mas também musicais, recordando Schuman, Berlioz e Paganini. É de referenciar a obra “Festas de loucos e carnavais” de Jacques Heers.

O ENTERRO DO PAI VELHO, LINDOSO.

O Carnaval é uma festa de todos, dos simples e dos pobres.

Uma boa oportunidade para os sisudos se extroverterem e para os grupos realizarem uma “catarse coletiva”, esquecendo o quotidiano que esmaga para reinar a alegria, com “rituais cósmicos, de inversão, ostentação e fertilidade”, reafirmando a identidade coletiva, conforme o antropólogo Joan Prat.

As festividades carnavalescas no Lindoso, aldeia do concelho da Ponte da Barca, celebrizada pela sua história e respetiva barragem premiada, revestem-se de particularidades, que lhes concedem características do Carnaval da tradição portuguesa.

Os octogenários, eles e elas, são pontos de referência obrigatória, para ajuizar se tudo está a ser preparado conforme a tradição. Existe uma sabedoria estratégica que passa pela escolha dos carros de tração animal, do gado, pelo jogo das campainhas, pelos jugos, pelos enfeites, pelas cantigas, pelos tocadores de concertina, pelo horário dos cortejos, pelo trajeto definido, pelos bailes, pelas dádivas comestíveis durante os desfiles, pelos "barredouros", pelos disfarces, pela choradeira na queima do Pai Velho, pelo testamento onde constam as ofertas do falecido, pelas referências de índole social e pela ocultação da escultura simbólica, como autêntico "churinga" de povos australianos.

As festividades do Enterro do Pai Velho, que "apesar de não ter festeiros, sempre tem festa", são consideradas as mais típicas da povoação, e podemos dizer, únicas no Norte do país. Trata-se de uma vivência ancestral, que contribui expressivamente para a "coesão social da aldeia", e para revigorar a identidade coletiva de uma povoação histórica e tradicional, que mantém vivências comunitárias.

O cortejo, para além de outros elementos, é constituído por carros adornados, "simbólicos e chiadouros", puxados pelo melhor gado da aldeia, belamente engalanado, sendo um deles o do "Pai Velho", e o outro o "Carro das Ervas".

O largo junto do Castelo do Lindoso, mesmo ao lado do conjunto dos espigueiros e eira comum, é o espaço privilegiado onde se desenrolam as importantes cerimónias anuais de transição, do ciclo do inverno, frio e estéril, para o ciclo da primavera, mais quente e fértil, e que fazem parte do "inconsciente coletivo".

Se pretendermos estabelecer uma rota dos cerimoniais carnavalescos, para além do Enterro do Pai Velho, teríamos que participar, também, na Dança dos Carpinteiros, na freguesia de Gandra, e nas Mecadas de Verdoejo, do concelho de Valença. Esta trilogia constitui o Entrudo do Alto-Minho.

A FOGUEIRA SIMBÓLICA

O grande investigador e filósofo das religiões J. Frazer, na sua notável obra “Rama Dourada”, dedica um capítulo aos festivais ígneos. Afirma que em quase toda a Europa “a crença que o fogo promove o crescimento dos meses, o bem-estar dos homens e dos animais, quer estimulando-os positivamente quer evitando os perigos e as calamidades”.

Refere que os celtas tinham festivais ígneos, queimando imagens cobertas de ervas, no meio das quais os druidas encerravam vítimas. W. Mannhart interpreta o costume de queimar as vítimas como uma cerimónia mágica com a intenção de assegurar a luz solar suficiente para as colheitas, levando-nos a concluir a importância agrária destes rituais. É de sublinhar a grande festa “Beltaine, (fogo de Bel), no primeiro de maio, em honra do Deus Lug, sob aparência da luz. Era a data das assembleias druidas, em que se faziam grandes fogueiras cerimoniais.

Parece-nos que a grande fogueira que no Lindoso queima o corpo empalhado do Pai Velho, os enfeites e as ervas, tem um fundo celta.

Aliás, é de acrescentar que inúmeros ritos de purificação pelo fogo, geralmente ritos de passagem, são característicos das comunidades agrárias, e simbolizam os incêndios dos campos que se adornam, depois, com um manto verde da natureza viva, de acordo com J. Chevalier.

O fogo é, acima de tudo, o motor de regeneração e simboliza a ação fecundante. O Padre António Vieira salienta nos “Sermões” que “o maior”, e o mais nobre escondido tesouro do universo é o quarto elemento, o fogo. É crença popular que o fogo e fumo têm a virtude de purificar os campos e os animais, e livrar os homens da influência dos maus espíritos.

A PALAVRA ENTRUDO

É oportuno referir que o Concílio de Benevento no século XI, fixou a Quarta-feira de Cinzas como limite para as festas de Carnaval.

Assim, a palavra Carnaval da expressão latina “carne vale”, que significa retirar a carne, numa alusão ao caracter introdutório da quaresma cristã que se avizinha.

A palavra entrudo deriva do latim “introitus” que significa entrada no período de contenção que é a designada quaresma cristã.

Ainda nos tempos de hoje se ouve dizer: Parece um entrudo, comentário quando uma pessoa é gorda; ou então parece uma quaresma, sublinhando uma pessoa que é magra.

Um entrudo também o pode ser uma pessoa vestida com roupa velha ou desajeitada.

Da etnografia do final do período do entrudo, e de transição para o tempo quaresmal, registamos: “Adeus entrudo, /Adeus meu entrudinho; / Até ao domingo de Páscoa, /Não comerei mais toucinho.”

O caminho de redescoberta das festas cíclicas continuará lançando novos olhares e releituras. Nesta senda, convidamos o leitor a assistir ao IV Encontro Internacional de Rituais Ancestrais, que terá lugar a 24 de Fevereiro de 2024, na Bemposta, concelho de Mogadouro, reunindo dezenas de mascarados da Península Ibérica e de Itália.

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